Pontes fechadas, acampamentos e ocupações, paralisações de trabalhadores, panfletagem em diversas cidades, atos públicos, debates, manifestações. Apesar do silêncio da mídia, o 1º de abril denunciou as mentiras do governo e patrões por todos os lados neste país.
Todas as atividades denunciaram as mentiras alardeadas pelo governo Lula em relação ao projeto de transposição do rio São Francisco e outras mentiras cabeludas. Entre elas a campanha de que as reformas da previdência e universitária e a privatização dos serviços públicos podem ser benéficas aos trabalhadores e à população; ou ainda de que a flexibilização de salários e direitos imposta pelo empresariado gera empregos. “É tudo mentira”, diziam os manifestantes.
O dia de mobilização foi coordenado por entidades sindicais, organizações sociais e populares e comunidades da região do rio São Francisco. Alguma delas: Campanha contra a Transposição do São Francisco, Conlutas, MTST, Via Campesina, MAB, CPT (Comissão Pastoral da Terra) ANDES e inúmeras entidades e organizações de todo o país.
São Paulo - A mobilização em São Paulo (SP) teve início ainda pela manhã quando o bispo Dom Luiz Flávio Cáppio visitou uma ocupação de Sem Terra com cerca de 600 famílias, ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), em Embú das Artes, região metropolitana de São Paulo. Dom Cáppio reuniu-se com as famílias para dar incentivo e mostrar solidariedade ao movimento. “Eles estão lá pelo direito fundamental de toda família que é o de ter um lugar para viver e criar seus filhos”, disse.
Dom Cáppio também se encontrou com Dom Evaristo Arns para falar da campanha contra a transposição.
No início do dia os metalúrgicos de São José dos Campos já faziam duas horas de paralisação na GM, na Johnson & Johnson um ato contra a retirada de direitos e em outras fábricas da região foram realizadas assembléias. Nas cidades de Ribeirão Preto e Araraquara os servidores municipais realizaram mobilização por melhores salários.
O ato público em São Paulo, às 19h, contou com a participação de 500 pessoas. Foi organizado pela Conlutas, Pastoral Operária, Sefras e Intersindical. Entre os participantes o bispo Dom Cappio, a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), Atnagoras Lopes pela direção nacional do PSTU. As delegações das ocupações do MTST e uma delegação dos trabalhadores da GM de São José dos Campos vieram de suas lutas para o evento em São Paulo. Além de militantes ligados aos movimentos sindical, sociais e populares.
Minas Gerais - Em Belo Horizonte as atividades aconteceram durante a tarde na Praça Sete (centro de Belo Horizonte), com um ato público e panfletagem contra a transposição do rio São Francisco e contras as políticas neoliberais dos governos Lula, Aécio e Pimentel. Bonecos com nariz de pinóquio, faixas e cartazes apontavam as denúncias e defendiam as bandeiras do movimento.
Em Pirapora (MG), às margens do rio São Francisco, os manifestantes denunciaram os beneficiados com a transposição, entre eles a Construtora Gautama que está de olho nas obras do projeto e no ano passado esteve metida em escândalos de corrupção. Também foi exigida uma indenização para os pescadores que estão sendo prejudicados pela empresa Votorantin Metais na cidade de Três Marias.
Em Pirapora, cerca de 450 pessoas de cinco municípios – Pirapora, Buritizeiro, Ibiaí, Jequitaí, Três Marias, Montes Claros e Belo Horizonte – e 20 entidades e organizações pararam a BR 365 por 2,5 horas. Com garra e disposição, entregaram panfletos e cantaram palavras-de-ordem como “o São Francisco é meu amigo / mexeu com ele mexeu comigo” e “1, 2, 3, 4, 5 mil / ou para o projeto ou paramos o Brasil”. Em frente o prédio do INSS, no centro da cidade, denunciaram o descaso com os aposentados e lesionados.
Rio de Janeiro - Após uma semana de protestos no Rio (ato dos movimentos sociais na porta do BNDS dia 27/04 e o ato dos estudantes dia 28 de março), no dia 1º de abril aconteceu uma passeata e novo ato público com a presença de mais de 500 manifestantes. Com “nariz de Pinóquio”, faixas e bandeiras, o conhecido “dia da mentira”, desmentiu os governos federal, estadual e municipal e denunciou a escandalosa epidemia de dengue.
Estudantes universitários denunciaram o Reuni e a Reforma Universitária. Os secundaristas lembraram que o Passe-Livre foi mentira, cheio de restrições. Os profissionais estaduais desmentiram o governo Sérgio Cabral que descumpriu suas promessas com a categoria. Além desses, inúmeros trabalhadores, estudantes e entidades estiveram presentes.
Ao finalizar a passeata, que percorreu a Rio Branco da Candelária a Cinelândia, chegava ainda um ônibus da Baixada Fluminense com representantes de assentamentos, comerciários e trabalhadores da UFRRJ-RJ.
Em Nova Iguaçu, uma das principais cidades da Baixada Fluminense, a Conlutas Baixada organizou uma panfletagem na Light, nas lojas e nas agências bancárias, no centro da cidade, com a participação de ativistas do movimento e dirigentes sindicais.
Em Niterói, ocorreu panfletagem nos estaleiros, Barcas, e apresentação de vídeo contra o Reuni no Bandejão da UFF.
Bahia - No início da manhã do dia 1º mais de 500 manifestantes ligados às organizações populares, comunidades tradicionais e paróquias dos municípios de Casa Nova, Remanso, Juazeiro, Sobradinho, Bonfim, Pilão arcado e Campo Alegre de Lurdes, na Bahia, além de Petrolina (PE), montaram acampamento em frente à prefeitura de Casa Nova e ocuparam a sede da prefeitura. O local foi escolhido por conta dos graves conflitos agrários envolvendo posseiros de uma área com cerca de 30 mil hectares e empresários que tentam grilar as terras ocupadas há mais de 100 anos.
O trabalhador Geová Almeida da Silva, 36 anos, de Fundos de Pasto, diz que a mobilização é “pra ver se nós conseguimos voltar para nossa área com segurança e dignidade”. Desde o início do mês de março, mais de 300 famílias enfrentam a ação violenta de seguranças armados e funcionários dos empresários que chegaram a destruir casas, roçados, pastagens de pequenos animais e trabalho com a apicultura. A ocupação não tem prazo para terminar. As atividades, no estado, tiveram início ontem com uma caminhada e panfletagem pelas ruas do município de Guanambi. Durante a tarde aconteceram panfletagens e reuniões em Serra do Ramalho e na região de Barra.
Em Salvador, a concentração aconteceu, à tarde, na Praça da Piedade, onde houve os lançamentos do relatório de Direitos Humanos e do documentário “Além do jejum” (sobre a 2a greve de fome de Dom Cappio e sobre a luta contra a transposição). No final da tarde aconteceu um grande ato público na capital baiana.
Sergipe - Por pouco mais de duas horas centenas de manifestantes interditaram a ponte que liga os municípios de Propriá (SE) e Penedo (AL), no baixo São Francisco. Ligados a organizações populares e comunidades tradicionais dos estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia. Houve repressão da Polícia Rodoviária Federal, que tentou conter a ação, mesmo assim chegou a se formar um engarrafamento com mais de 10 quilômetros.
Ceará - Pela manhã mais de 2 mil trabalhadores do setor da construção civil pararam as atividades por cerca de uma hora, em Fortaleza e ainda houve paralisação em um terminal de ônibus. Segundo informações das coordenações dos atos, o tema central foi o protesto contra o projeto de transposição de águas do Rio São Francisco e junto com ele foram colocados outros projetos que estão na mesma linha.
Pernambuco - Em Recife, o ato público envolveu professores universitários, anistiados políticos, movimentos sociais e trabalhadores dos correios – que entraram em greve naquele dia. O ato ocorreu a partir das 15h na Praça Maciel Pinheiro.
FONTE> CONLUTAS
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