segunda-feira, 7 de abril de 2008

Polícia Militar espanca estudantes dentro da UFMG



• Dez viaturas e até um helicóptero da Polícia Militar de Minas Gerais cercaram o Instituto de Geociências da UFMG às 19h30 da quinta-feira, 03 de abril. O “motivo”: proibir a exibição do documentário Grass Maconha, que aborda a legalização da droga. De forma arbitrária e com autorização da segurança universitária (sob comando da Reitoria), os policiais fecharam as portas do instituto, impedindo a entrada e saída de estudantes, professores e funcionários. Um dos estudantes tentou sair do prédio e foi preso arbitrariamente sob o velho argumento do “desacato à autoridade”. Mas o pior ainda estava por vir.

Indignadas, cerca de 200 pessoas, entre estudantes, professores e trabalhadores gritaram palavras de ordem pedindo a liberdade do estudante. A PM exaltou-se e começou a enfrentar os manifestantes, agredindo-os com cacetetes e coronhadas. Uma das viaturas avançou em marcha-ré sobre os manifestantes e derrubou alguns. Uma estudante de medicina foi levada para o Pronto Socorro com ferimentos na cabeça e outro foi agredido e algemado. Cerca de dez pessoas foram feridas e levadas para fazer exame de corpo-delito.

Tamanha violência foi originada por outra violência injustificada: a arbitrariedade começou na diretoria da Unidade, que proibiu a exibição do filme receando o uso de drogas e pediu o apoio da Reitoria. A própria Reitoria afirmou, em nota, ter solicitado “o reforço da segurança universitária nas dependências da Unidade” no momento da sessão de cinema. Também autorizou à chefia de Segurança garantir o cumprimento da deliberação da Diretoria do IGC. É difícil acreditar no tão usado argumento do “eu não sabia”, já que a Reitoria deu cartas brancas à segurança. Além disso, tamanho aparato policial não poderia ter entrado na universidade sem o conhecimento da Reitoria.

Era apenas uma exibição de filme com o objetivo de levar o debate a um número maior de pessoas - e não um pretexto para usar maconha. Um filme que inclusive pode ser encontrado nas locadoras e é vendido em bancas de revistas. Perguntamos aos estudantes, professores e demais trabalhadores: é essa Universidade que a sociedade precisa? Uma Universidade onde se evita o debate, convocando a POLÍCIA? Armas, botas, camburões impedindo a arte, o saber e o pensamento crítico? Um Governo e uma Reitoria que se dizem democráticos, mas não hesitam em reprimir aqueles que divergem!

A falsa democracia do governo e dos reitores
Cenas como essa, que remontam aos escuros tempos da Ditadura Militar, estão voltando a acontecer cada vez mais nas universidades, nas favelas, no campo e dentro das empresas. Na UFMG, a última vez que a PM entrou no campus para uma ação assim foi em 1972, no auge do endurecimento militar, e nem foi tão agressiva como agora. Mas o policiamento da UFMG pela Polícia Militar virou rotina e serve não para proteger estudantes, mas para reprimir o movimento estudantil e seguir as ordens da reitoria, sem se preocupar com direitos garantidos pela Constituição de 88.

No final de 2007, o REUNI foi aprovado na UFMG sem nenhum debate interno e sob protestos de estudantes e a proteção da PM, que guardava o prédio do Conselho Universitário. Em diversas universidades do País, os reitores contaram com a força militar e o apoio de Lula para se adequar ao decreto do governo. No primeiro semestre do ano passado, os participantes do movimento pela redução do preço do bandejão da UFMG foram fotografados e ameaçados de jubilamento por uma Reitoria que é apoiada pelo governo federal, pela UNE e tem em sua direção até membros do PT. É que a política é a mesma: o governo tenta impor seus planos e reformas passando por cima da indignação da população, dos trabalhadores, aposentados, sem terra e estudantes (é o caso, por exemplo, da Transposição do Rio São Francisco). As reitorias, por sua vez, cumprem o papel de capacho do governo, autorizadas a usar o que for preciso para implementar suas políticas.

Na UFMG, a repressão policial está sendo repudiada por professores, estudantes e funcionários. O IGC está paralisado em greve estudantil. Na sexta, dia 4, uma assembléia estudantil com presença de mais de 500 estudantes decidiu ampliar a campanha exigindo a punição dos policiais, o fim da parceria da UFMG com a PM de Minas Gerais, a retratação pública da reitoria e o fim dos processos contra estudantes, entre outros pontos.

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