Antônio Júnior, do movimento 'nada será como antes', oposição à direção do DCE-UFAM
• A mobilização teve início pela luta contra a fusão de turmas da graduação. O curso de Serviço Social lançou o seu mestrado e estudantes, professores e funcionários estavam felizes pela conquista. Porém, no governo de Lula, toda alegria é passageira. Ao autorizar o funcionamento do mestrado, o MEC e a UFAM não fizeram concurso público para professores. Com isso, vários doutores tiveram que acumular tarefas entre graduação, especialização e agora o mestrado. Quem “rodou” nesta situação foram os alunos da graduação. O Departamento de Serviço Social, de forma completamente anti-democrática, “enturmou” (juntou) os períodos do curso de Serviço Social para liberar professores ao mestrado.
Cada período tinha duas turmas de 28 alunos. Com a “enturmação”, cada período ficou com 56 alunos, em salas relativamente pequenas para essa quantidade. As aulas são durante o dia, quando o calor tropical é maior, e os condicionadores de ar estão danificados.
A ocupação
Todo esse clima gerou a revolta dos estudantes de Serviço Social que, através do CASSA (Centro Acadêmico de Serviço Social do Amazonas), entidade que constrói a Conlute, organizaram uma assembléia geral que parou o curso e marchou rumo à reitoria. “E se manter, a enturmação. Vai ter ocupação”, gritavam os estudantes. Com isso, no dia 16 de abril, a reitoria foi ocupada.A pauta de reivindicações específicas e gerais foram entregues ao REItor em exercício, o vice-reitor Gerson Nakagima - o REItor estava em Brasília.Na noite do dia 16, a reitoria organizou uma reunião com representantes dos estudantes, escolhidos na plenária da ocupação. Na reunião, estavam representantes da reitoria e um delegado da Polícia Federal que já estava com seus agentes na parte de fora da reitoria.A negociação transcorria com a reitoria e o departamento de Serviço Social se comprometendo a “desenturmar” os períodos de Serviço Social, colocar novos condicionadores de ar nas salas do curso, enquanto a compra e a instalação não fossem feitas, o curso de Serviço Social ficaria nas salas da Faculdade de Estudantes Sociais. Quando tudo estava caminhando, os estudantes solicitaram que colocassem tudo isso no papel e assinassem essa negociação. A reitoria não concordou, os estudantes se retiraram da reunião e a ocupação continuaria.Com a ampliação da ocupação pela presença de representantes dos Centros Acadêmicos de Biologia, História e com o início pela manhã da cobertura da imprensa, os representantes da reitoria temiam que a ocupação tomasse outros rumos.Uma nova reunião aconteceu e as reivindicações dos estudantes foram aceitas:
1) O curso de Serviço Social seria desenturmado.
2) O curso funcionaria temporariamente na Faculdade de Estudos Sociais, até a compra e instalação dos condicionadores de ar nas salas do curso no ICHL.
3) A reativação do laboratório de informática do ICHL em 30 dias.
4) Abertura de concurso público para 139 vagas para professores (esse compromisso foi feito via informação dada pelo próprio REItor que estava em Brasília e se comunicava com o vice-reitor por telefone).
Tudo isso foi assinado em um termo de acordo com a presença massiva dos estudantes na hora e com a presença e divulgação da imprensa. Após isso, foi organizada uma última plenária da ocupação e foi tomada a decisão de sair da reitoria e mobilizar agitando essa conquista específica do Serviço Social.
O papel da UNE
Nem o DCE-UFAM e nem a UNE apoiaram de fato a ocupação. No segundo dia de ocupação, 17 de abril, a UNE entrava em sala de aula mobilizando os estudantes para sua atividade nacional, coisa que na UFAM acabou se resumindo a poucos militantes da UJS/PCdoB.A UNE chegou ao ridículo de "denunciar" o CASSA/CONLUTE por apenas pautar uma questão específica de seu curso na mobilização. Isso não é verdade, tanto o CASSA quanto a Conlute entraram em sala de vários cursos e mobilizaram o conjunto dos estudantes, mas, mesmo com problemas de estrutura e de mobilização, o curso de Serviço Social tinha peso político e numérico para ocupar a reitoria da UFAM, e o fez.Essa ocupação fortaleceu muito o movimento estudantil do Serviço Social, o CASSA e a Conlute.
Uma próxima mobilização será feita, para divulgar e garantir a vitória, e espera-se atos maiores, como foram realizados na UnB e na UFMG. Os estudantes da UFAM precisam continuar sua luta. Se hoje, ataques como o da superlotação de turmas são constantes, serão ainda mais intensos com a aplicação do Reuni. O projeto do governo, defendido pela UNE, leva a privatização do ensino e terá conseqüência ainda maiores em cursos como o de Serviço Social. A luta contra o Reuni é uma luta de todos nós. Salas de aula lotadas e falta de professores é apenas uma parte do que nos aguarda, caso não consigamos deter este ataque.
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